Executada após a queima, a pintura é uma forma decorativa de ampla ocorrência, apresentando uma grande variedade entre os grupos. Esses padrões podem se revestir de conteúdos simbólicos ou ter apenas sentido estético. Nesta atividade, a divisão de trabalho já não é tão rígida, dela participando, segundo o grupo, homens e mulheres, adultos e crianças, casados e solteiros. As tintas utilizadas variam de acordo com a disponibilidade local; podem ser de origem orgânica (pigmentos vegetais como urucu e jenipapo) ou inorgânica (pigmentos minerais como a hematita e o caulim). As tonalidades empregadas são basicamente o vermelho, preto, branco e amarelo. Como pincéis são usados primordialmente os dedos e pequenos estiletes envolvidos em uma das extremidades com chumaços de algodão – mais raramente são utilizados penas, talos de vegetais e cabelo.
Na decoração, a artesã dispõe de maior ou menor liberdade para a escolha dos motivos. Por maior que seja sua autonomia, ela é cercada por cânones culturais do grupo, expondo-se a crítica ao afastar-se deles. A sua marca pessoal, no entanto, fica impressa no seu trabalho. A aplicação de resinas é também muito freqüente na cerâmica indígena brasileira. Em alguns casos precede a pintura, atuando como elemento protetor, em outros, é aplicada logo após a queima. Normalmente a resina é pulverizada e lançada sobre a superfície ainda quente do vasilhame; isto tem efeito impermeabilizante, obedecendo a finalidades utilitárias e decorativas. Após todas essas etapas, o recipiente é lavado sendo a partir daí considerado pronto para o uso. Em geral, os grupos indígenas admitem ter recebido o conhecimento da tecnologia cerâmica de povos vizinhas, sendo que algumas atribuem o conhecimento da técnica a uma entidade criadora.

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